Durante a nossa vida, somos questionados se já entrámos na faculdade, se já terminámos a licenciatura, se já casámos, se já tivemos filhos, se comprámos casa própria, se queremos ter mais filhos… Como se a vida fosse uma lista de compras.
Ninguém nos perguntou se somos felizes.
Quando tirei uma licença sabática, aos 35 anos, todos os meus amigos, a esmagadora maioria também eles Advogados(as), me perguntaram “porquê?”. Long story short, a resposta era simples: não estava feliz. Esta resposta, por si só, não reveste qualquer relevância, não fosse o facto de 99% ter retorquido com a seguinte frase “Oh, eu nem faço essa pergunta a mim mesmo(a)! Não quero ouvir a resposta.”.
Foi nesse momento que percebi que não estava só, dezenas de excelentes e bem sucedidos(as) Advogado(as) sentiam o mesmo, com a diferença que alguns achavam não poder parar, outros não queriam parar e outros, ainda, nem queriam saber se precisavam parar. Parar nem que fosse apenas para pensar, para reavaliar, para encarar e retomar.
Este exemplo não se destina a incentivar Advogados(as) a tirar licenças sabáticas, a viajar pelo mundo só com bilhete de ida ou fazer retiros em Bali. A partilha desta experiência serve apenas para realçar que o momento da tomada de consciência é transformador. O instante em que nos permitimos sair do “piloto automático” e observamos o que está à nossa volta é o início de um caminho, de um processo. Processo esse que para uns é mais nítido, para outros mais longo, mas que nos devemos permitir percorrer e apreciar.
Por outro lado, muitos de nós terão já conseguido, inúmeras vezes, sair da “máquina” para se observar e olhar o mundo à sua volta, mas, pelas mais diversas razões, não conseguiu fazer todo o caminho necessário e acabou por voltar ao automatismo, mais confortável, aparentemente indolor.
É, pois, importante que nos questionemos sobre a nossa felicidade e que o façamos com alguma regularidade para podermos ajustar tudo o que for necessário para seguir o caminho que acreditamos ser o que nos fará, e aos que nos importam, pessoas mais felizes e realizadas. Não porque exista uma “lista de compras” imposta por terceiros que devamos “picar”, mas porque temos a nossa própria lista, a nossa visão do que queremos ser, ter ou fazer. E é a esta que devemos obedecer, cientes de que nem tudo acontecerá como planeado, nem, provavelmente, no tempo desejado. Mas isso é viver a vida!
É, no entanto, importante ter bem presente que cada um de nós pode transformar a sua vida em qualquer momento, em qualquer idade. Pode decidir fazê-lo sozinho(a) ou acompanhado(a). Pode demorar mais ou menos tempo, respectivamente. Mas todos, sem excepção, podemos, a partir de hoje, escolher mudar, crescer, evoluir no sentido que bem entendermos.
A felicidade depende de si e das suas decisões. Por isso, se fizer sentido, poderei percorrer consigo este caminho, de modo estruturado, planeado, confidencial, sabendo exactamente o ponto de partida e seguros(as) de que existe um ponto de chegada.
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